Na contemporaneidade atual observam – se diversas formas de poderes que atuam sobre todos os âmbitos da sociedade. Poderes estatais, instituições de ensino, a religiosidade e até mesmo a família são fatores que influem no comportamento do cidadão contemporâneo. Contudo, é nítido que o poder midiático vem agindo com primazia na camada social obtendo uma significativa relevância diante dos outros.
Emile Durkheim, sociólogo francês do século XIX, admite a ideia de que, para que o ser humano seja moldado de acordo com a sociedade em que está inserido, faz – se necessária à imposição das regras, leis e instituições como as que se apresentam atualmente. Sem sombra de dúvidas, é possível e, sobretudo importante, atrelar o pensamento durkheimiano ao de Michel Foucault. É nítido que, em ambos, a ordem social e a institucionalização do poder é necessária e vista com relevância, bem como a questão da disciplina e a educação moral é tratada com prioridade. O valor da moralidade civil tende a ser um fator em comum entre estes dois importantes pensadores.
Durkheim assegura que o primeiro contato com o processo de socialização, feito pelo ser humano (e ai não se pode dizer indivíduo, uma vez que este é formado através de sua vivência na sociedade) é tido pela família. Ou seja, esta, é o primeiro sinal de institucionalização da moral, da cultura, do poder e do saber. Cabe, posteriormente à família, à escola primária, ao instituto de ensino em questão, mostrar – se capaz de desenvolver o processo de socialização e os elementos dessa moralidade civil. “Todo sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar a apropriação dos discursos, com os saberes e os poderes que eles trazem consigo.” afirma Foucault ao fazer menção ao poder disciplinar. É a partir então, desse poder disciplinar, que se constrói a noção de indivíduo e da positividade do poder, tida pelo mesmo.
É bem verdade que a disciplina, a educação, é importante por si só, mas não reflete o único poder que é exercido atualmente nesta sociedade contemporânea. O Estado, por exemplo, ainda é forte. Vive – se sobre o jugo deste, que representa as leis máximas, as regras gerais e as normas a serem cumpridas. Mas, como tido no pensamento foucaultiano, o poder estatal é só mais uma instituição, só mais um exercício do poder; é sem sombra de dúvidas, uma peça importante mas, ao mesmo tempo, passível de escolha.
É interessante citar, aqui, a importância de outro influente poder na sociedade: a religiosidade. É fato que, hoje, não atribui – se o mesmo caráter valorativo, que já deteve um dia, como por exemplo, dentro da ordem medieval onde tudo e todos eram vistos sobre os olhares atentos da Igreja Católica; mas, ainda assim exerce sobre alguns, alguma influência. Com a modernidade, a ideia de razão e de sujeito, do conhecimento produzido e não fornecido, o ideal religioso fora aos poucos sendo “diminuído” pelo jugo da racionalidade.
Friedrich Nietzsche, que inspira assiduamente Michel Foucault, apresenta, em sua obra, Gaia Ciência, mais precisamente no aforisma “O Homem Louco”, a ideia de que na medida em que se produz o conhecimento, que se desenvolvem as ciências racionais, outras verdades são esquecidas, adormecidas, mas que ainda se encontram prontas a atuar novamente, a exercer sua funcionalidade, e, neste caso, o caráter religioso.
Entretanto, diante dos poderes atuantes na contemporaneidade, a mídia, o poder midiático, é aquele que se destaca continuamente; é a partir dele que se desenvolvem todas as linhas de pensamento e que, hoje, propiciam a atuação desses outros poderes citados anteriormente.
Ora, o que seria, por exemplo, do poder estatal sem o poder da tecnologia, da comunicação, das propagandas políticas; o que seria do ideal da civilidade, do ideal de família, representados através das telenovelas; o que aconteceria com a religião sem os programas sobre a moralidade, sobre a ética... A mídia é, portanto, o reflexo do principal poder atuante da sociedade contemporânea; diante do capitalismo desenfreado e de todas as tecnologias existentes hoje em dia, é praticamente impossível não atribuir à esta, esse caráter disciplinar, influenciador e conotativo.
Eu gostei muito de vocês terem comentado sobre essas instituições básicas, especialmente sobre o que vocês falaram sobre a religião, que perdeu a força com esse 'jugo da racionalidade'. E a idéia de Nietzsche sobre isso é muito válida atualmente, especialmente quando se percebe um fudamentalismo religioso cada vez mais forte e apoiado dentro das próprias religiões e das massas. Percebe-se extremos tais como o movimento de "corte" dentro das igrejas evangélicas, onde o casal troca suas primeira carícias somente na cerimônia religiosa, após o "sim". Controle dos corpos num nível absurdo e uma normalização do sexo ainda mais forte que a encontrada no Estado, já que não somente procura evitar filhos indesejados mas também a não violação de um preceito considerado sagrado, ou seja, o sexo pré-marital e qualquer comportamento que incite desejo sexual no próximo.
ResponderExcluirE o texto ficou ótimo, parabéns meninas!
Isabella Cristina do Nascimento Pereira RA00097776
Percebi que no post há uma outra perspectiva sob os poderes atuantes na sociedade contemporânea, a mídia. Concordo plenamente que "a mídia é o reflexo do principal poder atuante da sociedade contemporânea" pois vivemos numa era midiática e através dela o capitalismo se alimenta e se mantém vivo.
ResponderExcluirAinda no post, vocês ressaltaram a importância da religiosidade, entretanto ao contrário da mídia foi perdendo espaço com a chegada da era da racionalidade e do conhecimento.
Parabéns aos e formuladores do texto, pois conseguiram expressar as idéias e pensamentos Foucaultianos, concordo plenamente quando fazem a correlação ao pensamento Durkheiniano: o indivíduo é fruto da sociedade uma vez que este continua a linha de pensamentos começado por Aristóteles e complementado por Locke e outros intelectuais ao que diz respeito a Tabula Rasa, onde as pessoas tem o conhecimento moldado em si pela sociedade. Concordo ainda ao que diz respeito ao monopólio da mídia nos tempos de hoje em relação às instituições, que são o que irão caracterizar o indivíduo para Foucault. Mais aos argumentos estabelecidos sobre a religião, acredito sim que tenha perdido forças com a racionalização do indivíduo, ou esclarecimento como cita Kant, e mais a frente Nietzsche, porem ao analisar o contexto global, ainda temos uma forte influência da religião na sociedade contemporânea, casos mais radicais encontram-se na Ásia, ex: homens bombas. Napoleão Bonaparte retomou a aliança com o papado em 1801 por acreditar que a religião é também um ótimo instrumento de controle da sociedade, e ainda se analisarmos os pensamentos Foucaultianos na antiguidade, temos a Igreja como a instituição da moral, da religião, do ensino, entre outras.
ResponderExcluirAgenor Antonio de Freitas RA: 00102532
Parabens! O texto esta muito bem construido e as associacoes com Durkhein e Nietzsche foram muito bem colocadas.
ResponderExcluirÉ importante porem ressaltar que Durkhein era a favor do controle social, para ele quanto mais as pessoas interiorizam as leis em si mesmas, mais livres elas são, pois nao sentem a coesão social. Para ele ainda, as pessoas querem o controle social e lutam pelo estabelecimento da ordem.
Ja Foulcault ve a sociedade de controle de forma mais crítica, ele a analiza e diz como foi citado no texto que as pessoas sao controladas por diversas instituicoes o tempo todo, ou seja, nao é apenas o estado que faz com que as pessoas ajam de acordo com as leis e sim a familia ou a religião. Ele analiza porem, nao de forma maniqueista ou apoiando a sociedade de controle, mas apenas relatando como essa funciona.
Ele acrescenta dando a nocao de panótipo, uma estrutura cilindrica onde só é possivel um dos lados de um vidro observar o outro. No caso(para o lado que esta sendo observado) apenas possibilidade de estar sendo observado faz com que se faça tudo certo.
A mídia, por sua vez, é um dos instrumentos que mais é utilizado para influenciar nas ideias da população, mas ao mesmo tempo que ela é influência, ela é um reflexo dos desejos da mesma. Por exemplo, a midia sensacionalista, de noticias que todos conhecem como `Isabela Nardoni` são as que mais tem popularidade entre o povo e por isso elas continuam a existir.
A religiao outrora teve muito mais importancia como ja foi comentado acima, pois as pessoas, devido ao maior conhecimento da ciencia estao acreditando cada vez menos, mas para quem cre em uma religiao, esse é um fator decisivo de formulacao de moral tambem.
Ana Carolina Marcheti