Para avaliar os impactos da exploração do homem pelo homem há a necessidade de analisar, a priori, o processo de acumulação primitiva do capital abordado por Karl Marx e como este processo, aos poucos, fora alimentando a ideia de desigualdade e disparidades no âmbito econômico e do trabalho.
É nítido que a estrutura econômica do feudalismo serviu de base para a estrutura econômica da sociedade capitalista, ou seja, enquanto a ordem medieval se destituía, surgiam, aos poucos, os elementos essenciais para o desenvolvimento do capital.
O surgimento das cidades modernas com a estruturação dos chamados burgos, a divisão do trabalho, bem como a especialização, é praticada e tem – se início a expropriação dos meios de produção. O enriquecimento, ou seja, o lucro em matéria de produção começa a aparecer. É nesse momento, já diria Marx, que a alienação do produto do trabalho ocorre, ou seja, essa destituição do homem de si mesmo; é nesse processo que a exploração humana começa. A valorização do trabalho, aqui, já não é mais um mérito próprio e sim, a maneira de proporcionar o lucro alheio.
“O processo que cria a relação de capital não pode, portanto, ser outra coisa que não o processo de divórcio entre o trabalhador e a propriedade das suas condições de trabalho (...)” afirma Marx. O divórcio, ou seja, a alienação do homem em relação á sua consciência, o priva da mesma e, sem conhecimento de causa, vai aos poucos moldando as disparidades econômicas.
A China, país hoje emergente, apresenta altos índices de trabalho escravo, como também de trabalho infantil, sendo conhecida como um importante mercado exportador com mão de obra barata, frente a sua gigantesca população. As formas de organização do trabalho deste país se voltam para a produção em massa, para a especialização, ou seja, características “forçadas” pelo capitalismo. As longas jornadas de trabalho que se estendem por mais de 10 horas consecutivas e salários baixos, exemplificam essa questão da exploração do homem pelo homem.
Em 2008, por exemplo, mais de 1000 crianças chinesas foram encontradas trabalhando em fábricas em uma cidade ao sul da China (Dongguan). Essas crianças, que apresentavam idade entre 9 e 15 anos, trabalhavam em longos períodos e recebiam cerca de 35 centavos de dólar por hora. É importante lembrar que, a maioria destas fábricas são americanas, ou seja, todo o lucro se volta, portanto, á hegemonia capitalista.
Sem sombra de dúvida, com os exemplos anteriormente citados, é nítido que o capitalismo desenfreado torna este fato mais assíduo, ou seja, frente a demanda da produção e á necessidade, trabalhadores se submetem ás mais precárias condições de trabalho, gerando a chamada desigualdade social, com o enriquecimento dos proprietários, o que, portanto, possibilita a exploração humana.
Assim, a saída do homem dessa alienação, dessa privação de consciência, é a única maneira de resistir a essas desigualdades; só do homem, que é explorado, pode partir a mudança. Cabe a ele reivindicar seus direitos como tal.
Marx pregava piamente que o capital tendia a se definhar, por possuir uma lógica autodestrutiva ou por essa retomada da consciência através de uma revolução. Ora, ele não estava de todo errado. Se o homem, perante a história da humanidade, fora capaz de se adaptar á exploração e expropriação de seu trabalho, ou seja, ao método capitalista de produção, porque não seria ele capaz, um dia, de sair do capitalismo? Diria ele que é só uma questão de tempo...
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