quarta-feira, 22 de junho de 2011

Os diversos poderes atuantes na sociedade

   Na contemporaneidade atual observam – se diversas formas de poderes que atuam sobre todos os âmbitos da sociedade. Poderes estatais, instituições de ensino, a religiosidade e até mesmo a família são fatores que influem no comportamento do cidadão contemporâneo. Contudo, é nítido que o poder midiático vem agindo com primazia na camada social obtendo uma significativa relevância diante dos outros.
   Emile Durkheim, sociólogo francês do século XIX, admite a ideia de que, para que o ser humano seja moldado de acordo com a sociedade em que está inserido, faz – se necessária à imposição das regras, leis e instituições como as que se apresentam atualmente. Sem sombra de dúvidas, é possível e, sobretudo importante, atrelar o pensamento durkheimiano ao de Michel Foucault. É nítido que, em ambos, a ordem social e a institucionalização do poder é necessária e vista com relevância, bem como a questão da disciplina e a educação moral é tratada com prioridade. O valor da moralidade civil tende a ser um fator em comum entre estes dois importantes pensadores.
   Durkheim assegura que o primeiro contato com o processo de socialização, feito pelo ser humano (e ai não se pode dizer indivíduo, uma vez que este é formado através de sua vivência na sociedade) é tido pela família. Ou seja, esta, é o primeiro sinal de institucionalização da moral, da cultura, do poder e do saber. Cabe, posteriormente à família, à escola primária, ao instituto de ensino em questão, mostrar – se capaz de desenvolver o processo de socialização e os elementos dessa moralidade civil. “Todo sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar a apropriação dos discursos, com os saberes e os poderes que eles trazem consigo.” afirma Foucault ao fazer menção ao poder disciplinar. É a partir então, desse poder disciplinar, que se constrói a noção de indivíduo e da positividade do poder, tida pelo mesmo.
   É bem verdade que a disciplina, a educação, é importante por si só, mas não reflete o único poder que é exercido atualmente nesta sociedade contemporânea. O Estado, por exemplo, ainda é forte. Vive – se sobre o jugo deste, que representa as leis máximas, as regras gerais e as normas a serem cumpridas. Mas, como tido no pensamento foucaultiano, o poder estatal é só mais uma instituição, só mais um exercício do poder; é sem sombra de dúvidas, uma peça importante mas, ao mesmo tempo, passível de escolha.
   É interessante citar, aqui, a importância de outro influente poder na sociedade: a religiosidade. É fato que, hoje, não atribui – se o mesmo caráter valorativo, que já deteve um dia, como por exemplo, dentro da ordem medieval onde tudo e todos eram vistos sobre os olhares atentos da Igreja Católica; mas, ainda assim exerce sobre alguns, alguma influência. Com a modernidade, a ideia de razão e de sujeito, do conhecimento produzido e não fornecido, o ideal religioso fora aos poucos sendo “diminuído” pelo jugo da racionalidade.
   Friedrich Nietzsche, que inspira assiduamente Michel Foucault, apresenta, em sua obra, Gaia Ciência, mais precisamente no aforisma “O Homem Louco”, a ideia de que na medida em que se produz o conhecimento, que se desenvolvem as ciências racionais, outras verdades são esquecidas, adormecidas, mas que ainda se encontram prontas a atuar novamente, a exercer sua funcionalidade, e, neste caso, o caráter religioso.
   Entretanto, diante dos poderes atuantes na contemporaneidade, a mídia, o poder midiático, é aquele que se destaca continuamente; é a partir dele que se desenvolvem todas as linhas de pensamento e que, hoje, propiciam a atuação desses outros poderes citados anteriormente.
   Ora, o que seria, por exemplo, do poder estatal sem o poder da tecnologia, da comunicação, das propagandas políticas; o que seria do ideal da civilidade, do ideal de família, representados através das telenovelas; o que aconteceria com a religião sem os programas sobre a moralidade, sobre a ética... A mídia é, portanto, o reflexo do principal poder atuante da sociedade contemporânea; diante do capitalismo desenfreado e de todas as tecnologias existentes hoje em dia, é praticamente impossível não atribuir à esta, esse caráter disciplinar, influenciador e conotativo.


quarta-feira, 8 de junho de 2011


   Para avaliar os impactos da exploração do homem pelo homem há a necessidade de analisar, a priori, o processo de acumulação primitiva do capital abordado por Karl Marx e como este processo, aos poucos, fora alimentando a ideia de desigualdade e disparidades no âmbito econômico e do trabalho.
    É nítido que a estrutura econômica do feudalismo serviu de base para a estrutura econômica da sociedade capitalista, ou seja, enquanto a ordem medieval se destituía, surgiam, aos poucos, os elementos essenciais para o desenvolvimento do capital.
   O surgimento das cidades modernas com a estruturação dos chamados burgos, a divisão do trabalho, bem como a especialização, é praticada e tem – se início a expropriação dos meios de produção. O enriquecimento, ou seja, o lucro em matéria de produção começa a aparecer. É nesse momento, já diria Marx, que a alienação do produto do trabalho ocorre, ou seja, essa destituição do homem de si mesmo; é nesse processo que a exploração humana começa. A valorização do trabalho, aqui, já não é mais um mérito próprio e sim, a maneira de proporcionar o lucro alheio.
   “O processo que cria a relação de capital não pode, portanto, ser outra coisa que não o processo de divórcio entre o trabalhador e a propriedade das suas condições de trabalho (...)” afirma Marx. O divórcio, ou seja, a alienação do homem em relação á sua consciência, o priva da mesma e, sem conhecimento de causa, vai aos poucos moldando as disparidades econômicas.
   A China, país hoje emergente, apresenta altos índices de trabalho escravo, como também de trabalho infantil, sendo conhecida como um importante mercado exportador com mão de obra barata, frente a sua gigantesca população. As formas de organização do trabalho deste país se voltam para a produção em massa, para a especialização, ou seja, características “forçadas” pelo capitalismo. As longas jornadas de trabalho que se estendem por mais de 10 horas consecutivas e salários baixos, exemplificam essa questão da exploração do homem pelo homem.
   Em 2008, por exemplo, mais de 1000 crianças chinesas foram encontradas trabalhando em fábricas em uma cidade ao sul da China (Dongguan). Essas crianças, que apresentavam idade entre 9 e 15 anos, trabalhavam em longos períodos e recebiam cerca de 35 centavos de dólar por hora. É importante lembrar que, a maioria destas fábricas são americanas, ou seja, todo o lucro se volta, portanto, á hegemonia capitalista.
   Sem sombra de dúvida, com os exemplos anteriormente citados, é nítido que o capitalismo desenfreado torna este fato mais assíduo, ou seja, frente a demanda da produção e á necessidade, trabalhadores se submetem ás mais precárias condições de trabalho, gerando a chamada desigualdade social, com o enriquecimento dos proprietários, o que, portanto, possibilita a exploração humana.
   Assim, a saída do homem dessa alienação, dessa privação de consciência, é a única maneira de resistir a essas desigualdades; só do homem, que é explorado, pode partir a mudança. Cabe a ele reivindicar seus direitos como tal.
   Marx pregava piamente que o capital tendia a se definhar, por possuir uma lógica autodestrutiva ou por essa retomada da consciência através de uma revolução. Ora, ele não estava de todo errado. Se o homem, perante a história da humanidade, fora capaz de se adaptar á exploração e expropriação de seu trabalho, ou seja, ao método capitalista de produção, porque não seria ele capaz, um dia, de sair do capitalismo? Diria ele que é só uma questão de tempo...

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Hobbes x La Boétie

A sociedade na qual vivemos está cada vez mais complexa e dela surge a necessidade de existir o comando; o controle que objetive o crescimento e a evolução. Dessa forma, é possível confrontar as teorias elencadas por Hobbes e La boetie, em que este teoriza a servidão voluntária, sendo contra a mesma, bem como á soberania, e o outro encarando o estado civil como a necessidade básica para a organização, ou seja, a ordem.

La Boétie afirma que o poder que um homem exerce sobre os demais é ilegítimo e evidencia claramente que a fraqueza humana da – se quando nos curvamos perante a força. “Muita gente a mandar não me parece bem” afirma o autor diante do seu Discurso. Ora, fica explícita então a conotação negativa que La Boétie apresenta sobre a servidão voluntária. Idealiza a liberdade de uma forma essencial  à existência humana fazendo, por exemplo, sérias críticas em relação ao povo judeu que, segundo ele, se submeteram a um soberano sem se rebelarem. Fica claro então, que a ideia de soberania de La Boétie está diretamente associada a da servidão, ou seja, a perda do ideal de liberdade. “(...) o poderio de um só é duro e revoltante quando este toma o título de senhor...” afirma o autor.

Pode - se, associar assim o pensamento do autor ao pensamento marxista. São, sem sombra de dúvidas, de semelhante ideologia. Na Teoria da Alienação em Marx, fica evidente que o homem se torna alienado a partir do momento em que vende sua força de trabalho e, consequentemente, não possuindo aquilo que produz. Sendo assim é uma associação direta à servidão voluntária.

Mas é necessário visualizar que o pensamento de La Boétie e Marx simplesmente não convém ao método social, político e econômico das sociedades atuais. Uma vez que o sistema capitalista se desenvolveu desenfreadamente, a servidão voluntária é algo preciso, necessário. Ou seja, o capital existe e só é viabilizado a medida que as contradições crescem, que as desigualdades e disparidades evoluem, social e economicamente. Para que exista a ordem dentro deste âmbito de classes divergentes é necessário o poder central, o soberano que guie o Estado.

Partindo – se deste contexto é possível elencar aqui o pensamento hobbesiano. Segundo Hobbes, contratualista por excelência, a liberdade, assim como a igualdade, é uma ideia puramente retórica e que não deve ser considerada com demasiada importância, o que significa dizer, em outras palavras, que para Hobbes deve – se abrir mão da liberdade em troca da garantia de sua sobrevivência. O indivíduo que detém essa liberdade, vive em ameaça constante, ou seja, em seu Estado de Natureza, podendo gerar assim uma “guerra de todos contra todos” O Estado civil, ao contrário deste,  é uma garantia da paz, da ordem, do bem comum, pois essa liberdade é entregue ao soberano em troca da reciprocidade, ou seja, ele detém a liberdade em troca da satisfação de seus cidadãos.

Hobbes é correto ao afirmar que o caráter soberano é necessário, pois quando este entra em ação, a garantia da vida é tida, e não mais ameaçada como no estado primitivo. O poder político para Hobbes tem de ser, sem dúvidas, absoluto, ilimitado, indivisível pois é a única forma do pacto do chamado Contrato Social, aconteça com eficácia.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

    Ao escrever "O Príncipe", Maquiavél mostra o fruto de seus estudos durante os anos de exílio, revelando como um soberano deve agir para garantir a manutenção do Estado, a integridade nacional. A ausência de Estado é algo a ser evitado de qualquer forma, portanto antes um Estado ditatorial que nenhum Estado, e isso leva ao exemplo que escolhemos: a Ditadura Militar no Brasil.
    Maquiavél não expressa preocupação alguma com a moralidade, e sim na falta de escrúpulos do monarca no momento de defesa do seu povo, utilizando até a força bruta como ocorreu em 64. O principal motivo dado pelos militares quando o golpe ocorreu foi a eminência de uma revolução comunista, e por isso desejavam manter uma doutrina de segurança nacional sustentada pelas forças do Exército Brasileiro. Os Atos Institucionais (principalmente o 5º), os exílios, prisões, torturas, assassinatos, tudo de acordo com as teorias maquiavélicas, contra "ideologias nocivas à nação". Não importava a fortuna (movimentos contra-ditatoriais que se espalharam pelo Brasil), o regime militar se sustentou virtuosamente por décadas, utilizando tudo em seu poder para tal. Utilizando métodos maquiavélicos.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

   Estes são conceitos atrelados, porém passíveis de interpretações diferentes. No que diz respeito à ordem, não é unânime a forma de obtê-la, visto governos despóticos, por exemplo. Mas não significa, necessariamente, dizer que alcançar a  ordem é algo de aspecto negativo. Na verdade, este é um dos instrumentos utilizados para a obtenção do bem estar de maneira geral, logo, o bem-comum. Mas a questão, neste ponto, acaba se tornando vaga, pois o que seria o bem-comum, efetivamente? Governantes e governados, em suma, apresentam conceitos díspares em relação a este ponto.


Por Bruna Sousa

quarta-feira, 6 de abril de 2011

    Uma das definições de ordem que encontramos no dicionário diz: "regras, leis, estruturas que constituem uma sociedade". Essas regras e leis são estipuladas buscando o bem comum para todos, porém o conceito de certo e errado varia entre as pessoas. Neste momento, utiliza-se a política para estabelecer a ordem. Segundo Russell, a politica pode ser definida como um " conjunto dos meios que permitem alcançar os efeitos desejados". 
    Como vimos, nem todos os cidadãos que seguem as leis, necessariamente concordam com ela. Bobbi define o poder como "uma relação entre dois sujeitos, dos quais um impõe ao outro a própria vontade", desta forma evidenciamos que existe um pensamento que discorda das imposições políticas, porém acata por tratar-se da vontade do Estado.
   Ou seja, a ordem é necessária para manter a sociedade em harmonia, porém isto não significa que todos concordam com as ações dos governantes.


Por Kely Esteves

Para a política, o bem comum é a ordem?

    Para responder a essa pergunta, primeiro é preciso esclarecer o que é o bem comum. Ele é a satisfação das necessidades da sociedade (incluindo aqueles que estão no poder) em um âmbito individual.
    Pensando assim, num governo despótico, por exemplo, em que o soberano age em benefício próprio, as leis são feitas desta mesma maneira. Quando são obedecidas, a ordem é mantida, mas isso não significa o bem comum, pois a sociedade civil é oprimida.
    Já num Estado paterno, o soberano age em benefício dos súditos, e quando as leis são obedecidas há ordem mas, por seguirem o padrão citado, pode haver o bem comum ou não, na medida em que as necessidades da sociedade civil são atendidas, mas não necessariamente as do soberano ou daqueles no poder.
    Passando para um governo em que o poder é político, o soberano age em benefício tanto dos súditos quanto de si mesmo. Assim, as necessidades de todos são atendidas e há o bem comum.
    Podemos concluir, assim, que a existência do bem comum é relativa, podendo ser verificada dependendo de qual for o tipo de poder instaurado num Estado.

Por Thaís Teixeira

Ordem e bem comum?


  Em um mundo onde mesmo havendo globalização e diálogo entre os Estados, ainda haja grandes discrepâncias de valores e noções de direitos humanos, a questão do bem comum se torna abstrata. Cada indivíduo fala por si só, e mesmo que as idéias de paz, igualdade de classes e respeito para/com o outro vagueiem na nossa mente, nem sempre são conceitos aceitos ou desejados por todos.
    O sistema econômico em que vivemos, o capitalismo, tem como um de seus pilares as diferenças sociais. É preciso que haja alguém rico e alguém pobre para que tal sistema continue erguido e prosperando. É a questão da classe dominante pregada por Marx.
    Diante disso sob o que construiríamos tal bem comum? 
    Em uma sociedade, por mais igualitária que seja, a questão do indivíduo impede que haja verdadeiramente um bem comum. Cada qual deseja algo em seu benefício e dificilmente no âmbito social todos estarão completamente satisfeitos.
    Na nossa sociedade, por exemplo, a ordem foi encontrada através de uma classe dominante opressora e uma classe insatisfeita oprimida. Isso não é bem comum.


Por Samira Alencar

… justiça e ordem são a mesma coisa. Outras noções de fim, como felicidade, liberdade, igualdade são demasiado controversas e interpretáveis dos modos mais díspares, para delas se poderem tirar indicações úteis para a identificação do fim específico da política. ”

    O político deve impor a estabilidade das relações e a correlação das forças. Tal estabilidade é o bem comum, mantido pela ordem. Uma vez que a ordem é estabelecida pela coação e cooperação dos cidadãos, ela é o bem comum, a concordância geral da população em seguir determinadas regras e leis impostas por um governante. O bem comum reflete -se no consenso. O consenso, na ordem. Portanto, ambos estão intrinsecamente ligados.
    A palavra ordem, de maneira nenhuma, deve ser conotada negativamente, interpreta-la como um método rigido de imposição governamental, sempre associada a uma ditadura, um totalitarismo qualquer ou a perda dos interesses individuais e a liberdade de expressão. Ela é simplesmente a finalidade maxima de qualquer politica que se preze, e necessária quando se vive coletivamente. Há , sem sombra de dúvidas, a necessidade de manter, dentro de um governo, os direitos civis que competem a cada cidadão, mas não remete-los diretamente ao bem comum.
    É completamente inviavel que o bem comum seja caracterizado como um metodo de comunicação, liberdade ou expressão social. Tais ideias, apresentam individualismos muito peculiares de cada cidadão e, se cada um deles fosse considerado, uma (des)ordem se criaria dentro de umterritórrio nação. O bom político deve manter a ordem como um consenso, visando o geral, e nao cada aspecto singular do cidadão em questão.

Por Karliene Castelari

Para a POLÍTICA a ORDEM é o BEM-COMUM? Uma questão CONTRADITÓRIA.

      A partir do momento que o setor político detém o poder, este deve ser capaz de construir métodos de governo que proporcione o BEM-COMUM. É nessa linha de pensamento que surgem as leis, estas têm como principal objetivo a aplicação da JUSTIÇA, resultando numa sociedade ORDENADA.
      Apesar disso, é importante esclarecer que nem tudo que é bom para um indivíduo será bom para outro, ou melhor, àquilo que pode ser ordem para um grupo pode não ser ordem para outro grupo. É por esse motivo que a questão se torna CONTRADITÓRIA, pois, para o setor político a ORDEM é uma forma de trazer bem estar para todos, mas quando se trata da visão de diversos grupos da sociedade, nem todos estarão sempre de acordo. O que existe é apenas aceitação FORÇADA do que foi imposto pelo PODER político.  


Por Thais Rissato